sexta-feira, 23 de abril de 2010

Solidão e Dependência





A solidão traz um vazio terrível que prende o coração e aperta a alma. Só apetece chorar, gritar: "Por que é que não tenho ninguém??"
Mas a verdadeira solidão, aquela em que nem os amigos de "saídas" estão lá, essa sim: dói.
Não há com quem falar, não há com quem ir a um bar esquecer os problemas, não há a quem enviar uma mensagem a perguntar "vai um café?".

Então, há alguém, lá no fundo do vale que olha para ti, e diz "Espera. Eu quero conhecer-te". E assim se inicia uma amizade. Sai-se, conversa-se, trocam-se ideias. Tudo se torna mais leve, mais fácil. Mas o que não se pode gerar é dependência. Há que saber balancear, ter paciência sobretudo. Não se pode exigir do outro com egoísmo, auto-centrismo, exclusividade. Saber esperar pelo nosso momento torna tudo mais emocionante. Como li no Principezinho: contar os minutos e os segundos com ansiedade e excitação para ver um amigo.

"A raposa calou-se e ficou a olhar durante muito tempo para o principezinho.
- Por favor... prende-me a ti! - acabou finalmente por dizer.
- Eu bem gostava - respondeu o principezinho - mas não tenho muito tempo. Tenho amigos para descobrir e uma data de coisas para conhecer...
- Só conhecemos as coisas que prendemos a nós - disse a raposa. - (...) Se queres um amigo, prende-me a ti!
- E o que é que é preciso fazer? - perguntou o principezinho.
- É preciso ter muita paciência. Primeiro, sentas-te um bocadinho afastado de mim, assim em cima da relva. Eu olho para ti pelo canto do olho e tu não dizes nada. A linguagem é uma fonte de mal-entendidos. Mas todos os dias te podes sentar um bocadinho mais perto...
O principezinho voltou no dia seguinte.
- Era melhor teres vindo à mesma hora - disse a raposa. Se vieres, por exemplo, às quatro horas, às três, já eu começo a ser feliz. E quanto mais perto for da hora, mais feliz me sentirei. Às quatro em ponto já hei-de estar toda agitada e inquieta: é o preço da felicidade! Mas se chegares a uma hora qualquer, eu nunca saberei a que horas é que hei-de começar a arranjar o meu coração, a vesti-lo, a pô-lo bonito... São precisos rituais.
(...)"





Tirei estas fotos no Zoo de Ljubljana...

1 comentário:

Anónimo disse...

Estão aí uns porcos porreiros.... numa feijoada ou assados no espeto eram um manjar......

:D

Matusalem