quarta-feira, 17 de outubro de 2018

Escrava moderna

Dediquei a vida aos meus filhos.
Apaguei-me. Deixei de existir.
O cabelo cresceu, embaraçou-se, perdeu a cor. Não importava.
Até ao dia em que tudo ruiu e eu precisei de deixar os filhos porque o trabalho que fazia a partir de casa, deixou de existir.  E assim me tornei numa escrava dos tempos modernos. Mas a quem os pais dizem "se queres alimentar a tua família, tens de aceitar. A vida é assim mesmo".

Nos dias em que faço a manhã, não consigo dormir na noite anterior. Sou a única. Se não chegar, ficam 3, 4, 10 pessoas à espera que lhes sejam prestados serviços por alguém que não compareceu.
Então, tenho medo, muito medo de não ouvir o despertador, de adormecer. Por isso não durmo. Dou voltas toda a noite até desistir muito antes do  despertador tocar.

Levanto-me devagarinho ainda de noite (muito de noite) para não acordar os filhos. Visto-me e como qualquer coisa. Entretanto eles acordam e choram porque não querem que me vá embora. Já atrasada, porque tive de os consolar, lá sigo para o trabalho. Às vezes vejo o nascer do sol, outras nem o sol chego a ver. Entro no trabalho. Faço de tudo: limpo, lavo, sirvo, faço contabilidade, apoio ao cliente e admnistração. Tudo isto pelo salário mínimo. O horário devia ser até às 7h, 8h, 9h da noite ou até à meia noite se for preciso. Não há horários. Entra-se quando se entra e sai-se quando se sai.
Consegui arranjar forma de dividir o dia com uma colega. Recebo metade claro, mas pelo menos vejo os meus filhos.

Saio ao início da tarde e consigo ir buscá-los à escolinha ( na semana passada prometi-lhes que os ia buscar mas tive uma entrevista de última hora e falhei, eles ainda não me perdoaram). Chego a casa e tento que se entretenham um pouco sozinhos porque o meu antigo trabalho, que basicamente já ninguém paga, ainda ocupa tempo. Tenho uns 20 emails para responder, problemas para resolver. Despacho tudo mas rapidamente as crianças começam a ficar com fome e sono. Entramos na rotina do fim da tarde/noite. Adormeceram.... e eu estou exausta. Tento dormir também.
O meu filho anda constipado há uns dias e hoje começou a tossir. Pressinto outra crise respiratória. Ele não dorme, nem eu. Noite a Ventilan. Ora tento que durma ao meu colo, ora lhe coloco uma almofada para o elevar mas a tosse não dá tréguas. Levanto-me às 6h da manha para o levar ao hospital. Saímos de casa de noite.
No hospital não fazem nada desta vez (da última ficámos internados 3 dias). Está só no início, é fazer Ventilan e esperar que não piore. A minha experiência como mãe do meu filho diz-me que daqui já não melhora só com Ventilan mas que posso fazer? Os livros médicos ditam procedimentos iguais para todos.

Ainda não são 9h. Levo-o à escola ou não? Sou uma mãe que não leva filhos doentes para a escola nem que seja só um "bocadinho". Mas ele não está propriamente doente, adora a escolinha e em casa aborrece-se.
Decido leva-lo. Vou a casa buscar a minha filha que ainda nem está vestida. Como qualquer coisa porque ainda não tive tempo de o fazer e levo-os ao infantário. Ficam os dois a chorar. Indicações à educadora sobre o medicamento e saio a correr porque tenho uma entrevista às 10,30. Um trabalho que não me vejo a fazer, não porque não goste mas porque não acho que tenha aptidão. Mas estou desesperada. As contas não se pagam sozinhas.

Impossível estacionar, A cidade está toda impedida por ramagens e árvores partidas pelo furacão.
Lá estaciono já numa pilha de nervos porque não me quero atrasar. Mas o escritório está fechado. Ligo e volto a ligar, espero quase 1h e ninguém aparece. Volto para casa (mais 20min de viagem e gasóleo que está cada vez mais caro - não sei como vou encher o depósito) e almoço qualquer coisa a correr porque entro logo a seguir para fazer tudo novamente pelo salário mínimo. Hoje até às tantas. Provavelmente já nem vejo os meus filhos e sei que, pelo menos o mais pequenino, não vai querer adormecer sem mim.
Mas tudo isto é normal em Portugal. Tudo isto é aceitável e desejável até. Quem me dera emigrar outra vez.

sábado, 14 de outubro de 2017

O drama do ballet e outros

Não posso deixar de sentir que as crianças são cada vez mais castigadas em Portugal. Hoje não falo da falta de apoios do Estado, não falo da incompatibilidade das empresas com as famílias, não falo dos horários de trabalho de 12h ou 14h por dia, não falo das creches que insistem no "largar e correr". Falo das atividades extra curriculares.

A E começou a interessar-se por Ballet uns meses antes de fazer 3 anos. E não foi por pressão familiar, foi sim porque viu um recital e se apaixonou. Após meses a ouvi-la a pedir para dançar ballet decidi inscreve-la no "ballet babies" que, como diz o nome é para crianças pequenas (entre os 2 e os 4 anos). Para andar no Ballet eu teria não so de pagar as propinas mas também de comprar todo o equipamento na loja X e especificamente para a professora Y. Deixei 70 euros na loja. Num equipamento que me teria custado 30 euros na decathlon mas que nao era autorizado na escola. As aulas de Ballet não aceitavam pais a assistir, isto porque distraiam as crianças. pergunto eu: estamos numa aula de ballet babies (como diz o nome) ou numa aula de um qualquer conservatorio de dança russo? Ate compreendo que assim seja para crianças com mais de 5/6 anos mas 2/3 anos? Porque raio não posso eu assistir à aula de ballet da minha filha que ainda nem fez 3 anos? As janelas da sala até tinham as pressianas corridas para que os maldosos dos pais não se tentassem a espreitar da rua. Não podia haver qualquer contacto. Escusado será dizer que a minha filha o fim de um mês desistiu. Depois de duas semanas a pedir-me para não ir e de uma aula em que não parava de chorar deixei de a levar. Disse-me que nunca mais queria dançar ballet. Este ano decidimos voltar a tentar, isto porque ela voltou a pedir. Nova mensalidade (desta vez até com a obrigatoriedade de pagar um mês extra que ajuda ainda menos no orçamento) e, claro está, novo equipamento. É certo que ela cresceu mas o fato claramente ainda lhe servia para este ano. Fiz, portanto, questão de contar a história à professora e de lhe explicar como foi caro, ao que me respondeu "pois mas não posso mesmo permitir". Sendo o estúdio da própria pessoa, pergunto eu : não pode permitir porquê? É contra a lei? Uma criança de 4 anos precisa de ter um equipamento novo de 70 euros porquê? (fora claro, o facto de ela receber uma comissão por cada mãe que compra o equipamento). E as crianças que querem fazer ballet e cujos pais fazem um esforço financeiro grande para conseguir pagar os 30 EUR por mês e não conseguem pagar este equipamento? Não podem fazer ballet?

Ficam ainda de fora as aulas de natação que a minha filha sempre adorou e teve de deixar porque, quando passou a ir com a escolinha gritavam com ela para que se despachasse a vestir (uma criança de 3 anos e cabelo encharcado até ao rabo). Mesmo tendo-me eu oferecido para ir ajudar na hora de vestir mas é completamente impensavel para estas insitutiçoes que as crianças vejam os proprios pais durante o horario da escola....... mesmo que isso os prejudique numa actividade extracurricular que adora. Isto é Portugal.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Nestle - "O instinto de dar o melhor" ??

Acabei de ver na televisão a publicidade à formula da Nestle "NAN 2". Depois de uma bonita introdução sobre a amamanetação, lá vem o lobo em pele de cordeiro "Para ajudá-a, depois de dar leite materno, dê-lhe Nan 2 (...) Siga o seu isntinto de protecção". Eu nem consigo contar tudo o que está errado neste anúncio. É completamente imoral, enaganador e, o pior de tudo, compeltamente legal! Como é possível deixar que uma empresa só porque tem dinheiro convença as pobres mães de que o seu leite não é o suficiente e que devem encher os bebés de açúcares e aditivos logo desde que têm meses?
Hoje de manhã em conversa com uma senhora com um bebé de 9 meses, fui mais uma vez tratada com superioridade porque ainda amamento. "Ai ainda dá mama?" - careta - "Ai eu já não!". Não é a primeira vez que me olham com pena ou superioridade porque ainda amamento e o que me faz sentir pior é que eu não consigo fazer o mesmo a quem não amamenta. Isto é, eu não consigo ser rude com alguém só porque dão suplemento aos filhos. Então pergunto eu: por que é que estas mesmas pessoas se sentem na liberdade de me tratarem desta maneira? De me darem conselhos sobre parar de amamentar? Por que é que esta atitude só é válida para um lado?

Eu sei, por instinto e por ciência, que estou de facto a dar o MELHOR à minha filha mas porque a televisão diz o contrário, estas mães sentem-se donas da razão e da verdade e quem tenta explicar-lhes algo em contradição com as leis da Nestlé, não passa de uma hippy aborrecida,

E quanto à Nestlé, eu era  grande consumidora. Até ser mãe. Desde então, nunca mais entrou cá em casa e no que depender de mim, nunca mais entrará. Nem que tenha que começar a fazer os meus próprios tomates em conserva.

terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Direitos das mães são regressão dos direitos das mulheres?

Ontem estava a ler no Público sobre mais uma qualquer conferência sobre a natalidade em Portugal, assunto que muito me interessa uma vez que sou mãe num país contra mães. Pensando eu que ia ler algo que me desse alguma esperança, acabo boquiaberta com as aberrações que neste artigo se dizem. Sim, aberrações!!!!

Então, segunda uma qualquer deputada (ainda por cima mulher), a tal proposta para que as mulheres possam trabalhar, SE quiserem, em part-time no primeiro ano do bebé são uma "regressão dos direitos da mulher".
O QUÊ?????

Então parece que igualdade entre os géneros, segundo as pessoas pagas quantidades absurdas de dinheiro nesta conferência, é dar exatamente os mesmos direitos às mulheres e aos homens e portanto, permitir às mulheres trabalharem que nem escravas a toda a hora e toda a vida. OU SEJA, a solução para estas .... hmm .... pessoas... é que abram mais creches e que estas creches estejam abertas TODO O DIA!

Ora deixem cá ver, igualdade então seria a mulher trabalhar toda a gravidez independentemente dos problemas que possa ter ou do trabalho que faça. Isto lembra-me aquela grávida que foi despedida da Amazon por não poder carregar caixas pesadas e portanto não podia fazer o seu trabalhado, tornando este despedimento justificado. Portanto, toca a acartar caixas de 20kg até ao minuto do parto, momento em que, discretamente, a mulher poderá dirigir-se a um local privado ou, se o patrão for bonzinho, ir até ao hospital mais próximo, ter a criança e ficar em casa 5 dias (afinal de contas é este o número de dias concedidos aos pais não é?) e depois colocar a criança numa creche/fábrica de bebés porque as mulheres têm de ser iguais aos homens e nada de querer ficar em casa a tomar conta do bebé! Onde é que já se viu usar essa desculpa para não se trabalhar?????
As mulheres seriam então altamente medicadas para contrariar tudo aquilo que vem com o parto (a subida de leite e a necessidade instintiva de ficar colada ao bebé) , afinal de contas têm de se tornar homens!

Os bebés são então colocados numa passadeira rolante, onde uma máquina lhes enfia um biberão goela abaixo tenham eles fome ou não, outra máquina lhes muda a fralda e outra lhes enfia uma chupeta à força. E pronto está o bebé tratado. Gostava de saber desenhar porque este cenário ficaria muito bem numa tira de banda desenhada.

E todo o mundo vive feliz para sempre, não é senhoras deputadas???????????

QUE TRISTEZA! Lutar pela igualdade entre os sexos NÃO É dar os mesmos direitos aos homens e às mulheres mas sim dar-lhes os direitos que lhes permitirão ter as MESMAS OPORTUNIDADES.
Uma mulher grávida não trabalha como um homem ou como uma mulher não grávida. E não me venham cá com "a gravidez não é doença"ou volto à história da Amazon.
Gravidez não é doença and that goes both sides! Ou seja, não pode ser usado por grávidas saudáveis para deixarem de fazer trabalhos normais mas também não pode ser usado pelos patrões para despedirem ou fazerem as grávidas trabalharem 3 vezes mais que qualquer outra pessoas só para provarem que a gravidez não as afeta.

Ao mesmo tempo, por que é que estão a proteger tanto os patrões e as mulheres enquanto trabalhadoras mas não protegem as mulheres enquanto mães e os bebés?????

Porquê esta certeza absoluta de que a única maneira de aumentar a natalidade em Portugal é oferecer uma creche que trabalhe 24h por dia????? Posso dizer com toda a certeza que muitos dos meus amigos usam como primeiro argumento para não ter filhos "não há tempo". São poucas as pessoas que não querem saber dos filhos e garanto que a maior parte das mães quer ver os filhos a fazer algo mais do que dormir!
As mães devem ter direitos sim como mães e não apenas como trabalhadoras!
Porque quem quer trabalhar deve poder trabalhar mas quem quer criar os filhos também deve ter esta oportunidade! Não defendo que se paguem salários às mães por serem mães (ainda que seriam bem merecidos) mas sim que as mulheres que queiram optar por ser mães e trabalhar menos horas ou ter um horário mais flexível, o possam fazer sem medo de despedimentos ou ameaças e intimações constantes. Porque esta sugestão de permitir às mães poderem trabalhar part-time no primeiro ano NÃO É OBRIGATÓRIA! E quem acha que é uma regressão, então que continue a trabalhar full time. Mas quem quer ser mãe deve ter o direito de o poder ser!!! E de estar protegida por lei. Assim é que se aumenta a natalidade!

E já agora esta licença de maternidade é VERGONHOSA! 4 ou 5 meses ??? Se forem 5 nem são pagos a 100%. O 6º pode ser tirado pelo pai???? Eu gosto muitos dos pais mas no primeiro ano de vida não há pai que substitua uma mãe sobretudo uma mãe que ainda amamente em exclusivo (que é precisamente o recomendado até aos 6 meses e, que eu sabia, ou pais ainda "não têm" mamas). Mas quem é que inventou isto??? Eu até aceitaria um 6º mês em que pudesse ficar o pai OU a mãe. Aí está, para os bebés que não mamam em exclusivo e cujas mães quisessem mesmo voltar a trabalhar (e não para as que são intimadas pelos patrões) .
Mas mesmo assim. Meio ano não é nada!!!!! O meu marido é esloveno e na Eslovénia a licença é de 12 meses!!!! E vai aumentando com cada filho! Por cada filho também se recebe um prémio e no primeiro ano após voltar ao trabalho, é permitido trabalhar só 4 horas por dia !  Isto para não falar nas ajudas na compra de carros, benifícios fiscais, etc.
Conclusão: quase toda a gente tem dois filhos ou mais. E não falamos de um país subdesenvolvido nem "de leste".

Ontem vi um carrinho de gémeos e o meu marido logo me disse: "Na Eslovénia tinhas direito a tudo e mais alguma coisa se tivesses gémeos." Eu respondi-lhe "Em Portugal, qualquer dia vai-se preso!".

Um dia destes meto-me na política. Ou não, o meu marido diz que a máfia (aka lobbies, aka grupos de cidadãos importantes preocupados), não me deixava durar dois dias.

I rest my case.

domingo, 27 de março de 2011

Separacao

Quando penso na quantidade pessoas que sairam da minha vida nos ultimos anos, e assustador.
A distancia, o tempo, os caminhos diferentes ... de coisas grandes a coisas pequenas, e triste pensar no quao facil e haver separacao.

Quando uma relaçao existe, é entre duas pessoas e, por mais que haja esforço acrescido de um dos lados, se o outro nao ajuda, se o outro na regar o seu lado do jardim, ele murcha. E a primeira pessoa é a que sofre mais. Porque regou tanto o jardim, e arrancou ervas daninhas e passou dias ao sol... para nada. Para ser deixada de lado, esquecida, pisada.

E por mais que tente ultrapassar, ha sempre aquele piquinho de dor que nao desaparece. Porque, se esta relacao tivesse murchado ao mesmo tempo dos dois lados, seria mais facil.

Ninguem e perfeito, ninguem consegue regar todos os seus jardins mas ha quem tente com muito esforço...
Tenho tido uma vontade tremenda de escrever a tanta gente que pisou e fez o meu jardim murchar, mas sei que se o fizer, as mesmas pessoas vao arrancar tudo o que resta de mim. E eu sempre acreditei que a humanidade, a verdadeira parte humana dentro de cada pessoa, nao podia ser tao cruel.

Que desilusao .... hoje, estou muito triste.

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Desapontamento

Todos chegamos a uma fase na vida em que percebemos: Acabou. Isto nao tem de ser necessariamente mau, atencao! Significa apenas que e altura de parar de arfar, correr as voltas e parar. Olhar em volta e tentar tirar o maximo partido do sitio que se conseguiu alcançar.

Eu tenho 23 anos. Mas, somehow, sinto que cheguei a essa fase. Como muitos sabem sempre tive o sonho do espectaculo. Trabalhar em producao, viver em contacto com arte: musica, teatro, cinema. Acontece que ha alguns dias um amigo me disse: nesse tipo de areas, se nao o fazes num ano, nunca o vais fazer e deves pensar em desistir. Bateu-me fundo, magoou-me mas, de alguma forma, fez sentido na minha cabeça. Pensei que devia deixar de correr as voltas e parar, tirar partido do que vejo a minha volta. Tentei ser racional, fazer planos concretos, pensei dedicar-me a profissao, por a vida pessoal e os sentimentos de lado porque e nesse sitio que estou neste momento. Se quiser parar agora, essa, e a minha unica opçao.
Mas gritei NAO

Nao sei que vou fazer, para que lado vou seguir, mas nao vou parar ja.
Ha algo que tenho repetido algumas vezes e que, de alguma forma, se tem tornado o meu lema: devemos sempre entregar-nos. Nao adianta pedir para ganhar a lotaria porque se tem dividas mas se nos entregarmos a Deus, Ele ha-de arranjar forma de dar a volta a situacao. Mas as vezes e complicado entender estas 'linhas tortas' que Ese vai escrevendo. Apetece gritar:
PARA! NAO ESTOU A ACOMPANHAR! EXPLICA-ME!!!!!
E e nessa fase que estou agora. Decidi nao parar mas ainda nao sei para onde vou.

Resta-me apenas dizer tambem que a paragem nao tem de ser definitiva :) pode-se parar ate ter 50 anos e depois, quem sabe, ir dar a volta ao mundo!
Força a todos os que pararam e aos que ainda nao quiseram parar!

Mariana

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Feliz Natal

Após uma ausência um pouco mais longa do que planeei, venho desejar a todos um Feliz Natal com a presença de Jesus no coração.

Que a vossa melhor prenda seja a presença dos que mais amam e não a última novidade tecnológica.

Espero poder postar mais em breve.

sábado, 18 de setembro de 2010

Era uma vez... Vaquinhas!

Era uma vez uma menina chamada Mariana que decidiu ir subir a uma montanha.
Quando lá chegou pensou "Eia! Que montanha tão gira com tantas vaquinhas à solta! Que amorosas!" Então, a Mariana caminhou no meio das vaquinhas, sempre com muito cuidado porque os corninhos podem ser assustadores. A Mariana tem sempre um objectivo quando sobe às montanhas: chegar ao topo e comer goulaz! Hmmmm que bom! E lá ia a Mariana a sonhar com o seu goulaz só que, quando chegou, já só havia o quê? Pois é! Salsichas! Com umas couves amargas que até arrepiam. Então a Mariana com a fome com que estava, lá comeu a salsicha e as couves amargas e depois pensou "Bem, agora vou descansar meia hora e depois vou descer a montanha!". E assim foi, descansou meia hora, tirou uma fotografia com o Gandalf das montanhas e decidiu ir descer a montanha. Tudo corria lindamente quando chegou novamente ao longo prado cheio de vaquinhas e casas de férias (ou cabanas). A única diferença é que as vaquinhas agora pareciam mais agitadas e assustaram um bocadinho a Mariana. Então, a Mariana decidiu dar a volta por onde havia menos vaquinhas. Mas! Azar dos azares! Uma vaquinha com uns lindos grandes corninhos viu a Mariana e decidiu segui-la enquanto fazia "MUUU" muito alto! A Mariana decidiu dar a volta a uma casinha de férias para distrair a vaquinha e o seu guia disse-lhe "Não te preocupes! Se a vaquinha nos seguir, saltamos a vedação da casa!". Ora, quando a Mariana olhou para trás, já vinha a vaquinha quase ao pé dela a fazer "MUUU" e já tinha o seu guia saltado a vedação! A Mariana fez o mesmo! Concentrou a sua energia e saltou a vedação escondendo-se sempre das janelas! O que iriam aquelas pessoas pensar se a vissem ali no seu terraço?
Entretanto, chegaram ao lado oposto da casa e voltaram a saltar a vedação, pondo-se a caminho novamente. O problema é que já se haviam afastado muito do caminho principal mas como o desporto principal da Eslovénia é 'aventura', decidiram tentar novos caminhos. Tudo corria bem até o guia da Mariana dizer "Ora bem o sol está daquele lado e nós temos de ir para Norte portanto o caminho é por ali!". Segundo as teorias da Mariana, quando se chega ao ponto de se guiar pelo sol, é mau sinal! E pronto, lá foram eles em corta mato sem ver ninguém nem vaquinhas até que a Mariana se lembrou de perguntar "Aqui não há ursos pois não?", ao que o seu guia respondeu: "É claro que há! Mas não tenhas medo! Eles não devem andar por aqui.". Hmm, eis uma frase em que não se gosta de ouvir o verbo 'dever'! Portanto, a Mariana caminhava agora ainda com mais força e energia devido ao gigante medo de vaquinhas e ursinhos que sentia! Ao fim de uma longa caminhada avistaram uma vedação com casas! A Mariana ficou toda contente a pensar: "Se há casas, há estradas! Iei!". Então, voltaram a saltar a vedação para cruzarem o terreno até às casinhas. Mas! Surpresa surpresa! O que havia dentro da vedação? Vaquinhas, ah pois é! Então, a Mariana e o seu guia, pegaram em pauzinhos para assustarem as vaquinhas que os quisessem visitar! Felizmente as vaquinhas olharam olharam, mas decidiram continuar a papar e não os foram visitar! Por fim, chegaram ao fim do terreno e voltaram a saltar a vedação. Caminharam mais um pouco e viram a estrada! Finalmente, a estrada onde o seu carro devia estar estacionado aparecia à sua frente! O único problema é que estava no fuuuundo de uma ribanceira! A Mariana pensou: podia tentar descer a ribanceira OU podia ir à volta e tentar encontrar uma descida. Ora como já estava farta de vaquinhas e ursinhos e florestas, decideiu descer a ribanceira. E pronto, assim foi! Com muito cuidadidnho lá chegou à estrada. Depois, foi só encontrar o seu carrinho que ainda estava um pouco longe e finalmente chegou a casa! --FIM

sábado, 29 de maio de 2010

Adultos e Adolescentes

Durante toda a adolescência se ouve queixas dos adultos. Os adolescentes são terríveis!!!
Pois eu acho os adultos piores. Pelo que tenho observado do mundo do trabalho e do mundo adulto, este mundo muito bem fingido e mascarado com roupas bonitas e baton nos labios, nao é mais do que a escola secundária ampliada 10 vezes. Em todo o lado é assim. Grupos, falatórios, casalinhos, cheerleaders e geeks. É o mesmo em todo o lado. Portanto adultos: deixem de fazer dos adolescentes um bicho de 7 cabeças. A única diferença entre o mundo adulto e a escola secundária é que os adolescentes não escondem nem fingem e no mundo dos adultos há aparência e "idade" que supostamente prova ... coisas ... calculo....


Curiosidades à cerca da Eslovénia:
- O semáforo vermelho é claramente para arrancar;
- Ai de quem toque numa pessoa sem querer!!!!;
- Nunca deixem uma bicicleta fora de vista porque quando voltarem, têm de roubar outra: as bicicletas são do povo!;
- Não há leite condensado e quando se encontra, só há uma lata e custa 4 €;
- Nem os eslovenos sabem falar esloveno de tão estranha que é a língua;
- Ok não há piriscas nem lixo no chão pronto ....;
- É tudo muito verdinho e parece que toda a paisagem foi retocada a computador;
- Comem italiano e mai nada!;
- Têm de ter no mínimo 5 filhos;
- Come-se papoilas;
- Quando uma pessoa descobre que se enganou no caminho, faz inversão de marcha no meio de um cruzamento e se bater em 3 ou 4 carros não há streeeeessssss!

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Reflexão

Na passada terça-feira foi feriado aqui na terrinha .... conclusão: passei quatro horas sozinha à beira rio (mesmo aqui à porta de casa), só com o meu leitor mp3, o meu caderninho e a minha caneta. Foi dos momentos mais bem passados que já aqui tive. Tudo está verde, as flores preenchem os jardins, o rio está cheio de vida, as montanhas parecem tiradas de um filme.

É tão fácil ficar preso aos problemas, tão preso que se desespera. Não se dorme, não se come, não se sai ... tudo porque os problemas não param de tilintar. Às vezes há coisas tão simples que se podem fazer para limpar o pensamento... mas com a preocupação fica-se cego e deixa de se ver o que é simples.

A minha tarde junto ao rio, ajudou-me a recuperar alguma da sanidade que tenho perdido ao longo destes dois meses. Não me sinto completamente renovada nem passei estes últimos dias super feliz mas a verdade é que foi mais fácil do que antes e acredito que foi, de facto, aquela tarde que me ajudou a recuperar alguma da minha paz. Acredito também que se tornar num hábito estes momentos, tudo passará a correr melhor.

Aconselho a todos os que estejam na mesma situação a tirarem uma tarde para si. Não para ver televisão ou jogar computador mas para fazer um exercício de meditação e reflexão. Tudo fica mais claro no final.

Eu tenho muito a agradecer ao meu amigo António Valério que me emprestou um guião para me ajudar a reflectir.