Sinto o Outono a chegar, enquanto o que há de bom em mim murcha, e dá lugar às noites frias e escuras do Inverno
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Incrível como já passou quase um ano desde que vos comecei a deixar as minhas mensagens e pensamentos. Puderam acompanhar os meus altos e baixos, as minhas alegrias e tristezas, os meus valores e crenças, quase como se este blog fosse um resumo do meu diário. Seria natural que, ao longo deste ano, eu tivesse feito progressos! Cresci, acabei a faculdade, comecei a trabalhar. Mas por dentro, bem fundo, estou igual, ou se calhar, até pior. Sinto-me a retroceder e não a avançar. Por isso mesmo, decidi chamar a este post "Vazio no Peito".
Se tivesse de descrever por palavras o que sinto neste momento, não conseguiria. É um estado de espírito tão negro, tão sombrio, que se tornou físico. Tenho um ardor na alma, uma gaiola no peito. É como se algo estivesse cravado no meu peito, uma mão, que tenta, a todo o custo, arrancar-me o pouco que resta do meu esburacado coração. Aos poucos, têem-me tirado a alma. Vivi sempre de acordo com o que "era melhor para mim" e não de acordo com o que desejava: perdi a alma, perdi a felicidade genuína. E agora, alguém me arranca o que resta do meu coração. Sim, porque parte dele já me foi arrancada. Está despedaçado, partido, esburacado. E agora, tenho uma mão, dentro do meu peito, que me magoa a todos os instantes, não me deixa dormir e não descansa, enquanto não arrancar o pouco que me resta. Os olhos ardem-me, as mãos tremem, o nervosismo inunda cada parte do meu ser.
Ontem, por instantes, achei que me ia sair o Euromilhões (acabei por não ganhar nem 1€). E incrivelmente, estava super bem disposta a pensar: vou comprar o meu próprio teatro, produzir as minhas peças, ser a proxima La Feria! E assim, serei feliz. Que parvoíce a minha!
A coisa que mais me mete medo no mundo não é a pobreza: é o vazio. Não quero ter o peito vazio no lugar onde devia estar o coração. Um dia, um bom amigo disse-me "Tu já mais serás pobre, porque em espírito, já não o és". Mas e se perder o que resta de mim? Nao quero perder o amor, o desejo, a alegria. E sinto tudo isso cada vez mais distante de mim. Estou a afundar-me, cada vez mais fundo, num mar escuro e assustadoramente vazio.
Não consigo deixar de pensar no mundo como um lugar injusto e isso, devora-me o ser.